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Índice de reprovação no exame da OAB gera debate sobre banca de examinadores e qualidade de ensino dos candidatos

No exame, historicamente, apenas cerca de 20% conseguem ser aprovados de primeira

Foto: Divulgação/OAB

Nesse domingo, 24, diversos candidatos realizaram a primeira fase do 40º Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No exame, historicamente, apenas cerca de 20% conseguem ser aprovados de primeira.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pela realização da prova, o índice de reprovação atinge aproximadamente 80%, e muitos candidatos realizam em média quatro tentativas até obterem aprovação.

O exame da OAB consiste em duas etapas eliminatórias:

– A primeira, que ocorreu no domingo, é uma prova objetiva, composta por 80 questões de múltipla escolha;
– A segunda, marcada para o dia 19 de maio, é prático-profissional e de natureza dissertativa.

Para entender as causas desse cenário, o advogado criminalista André Maya, que também é professor da Graduação e Mestrado em Direito da FMP/RS e ministra cursos preparatórios para a segunda fase do exame da OAB desde 2017, destaca a baixa qualidade do ensino jurídico como um dos motivos.

Um dos motivos destacados pelo advogado é a qualidade inadequada de alguns cursos de Direito. Apesar do significativo aumento no número de faculdades de Direito nas últimas décadas, isso não se traduz necessariamente em um ensino de qualidade.

“O ensino jurídico na graduação geralmente não está direcionado para o exame da OAB. Na maioria das vezes, as faculdades não preparam os alunos para esse exame”, explica Maya.

Dos 1.300 cursos de Direito atualmente disponíveis, aproximadamente 400 são considerados de boa qualidade pela OAB. Essa disparidade resulta em uma lacuna entre a formação acadêmica e os requisitos do Exame da Ordem.

A falta de uma rotina de estudos e a dificuldade em conciliar atividades acadêmicas, trabalho e outras responsabilidades também podem impactar o desempenho na prova.

“Além disso, há pouco tempo para se preparar (geralmente menos de três meses entre a publicação do edital e as provas), e a realização da prova geralmente coincide com o período de formatura, quando os alunos estão lidando com outras preocupações”, complementa o advogado.

O medo de reprovação e o nervosismo durante a prova também afetam o desempenho dos candidatos. Métodos de visualização e treinamento, como a realização de simulados, podem ajudar a superar esses problemas.

“É fundamental ter inteligência emocional, entender a estrutura da prova e desenvolver estratégias para responder às questões dentro do tempo disponível, especialmente na segunda fase. Sem uma estratégia adequada, há o risco de que o nervosismo atrapalhe diante de questões mais difíceis”, alerta Maya.

Reconhecendo a importância de uma preparação focada e intensiva, alguns participantes negligenciam a complexidade do exame e subestimam a necessidade de uma preparação adequada.

Em relatos publicados no Reclame Aqui, alguns participantes criticaram a banca examinadora do exame, a FGV.

Em resposta, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) defendeu-se das acusações, afirmando que as bancas do Exame de Ordem são compostas por profissionais do direito, com alto conhecimento jurídico em suas especialidades, a maioria dos quais são professores de direito, membros do Ministério Público e magistrados estaduais e federais.

Apesar de reconhecer que a FGV enfrentou algumas críticas nas últimas provas, o advogado e professor André Maya ressalta que “isso não nega a observação de que a preparação dos candidatos para o exame da OAB é inadequada”.

“Os altos índices de reprovação ao longo dos anos indicam que é necessário repensar de forma abrangente a preparação para este exame, especialmente por parte das faculdades”, afirma ele.

Com informações do Gazeta Brasil

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