Home Fabrício Moreira da Costa Da boca de lodo à bala perdida

Da boca de lodo à bala perdida

Bala pedida não tem endereço. Se um for a vítima, o resultado da inconsequência serve para todos

Foto: Júnior Pio

Quando aos 22 anos tive a oportunidade de assumir o mandato de vereador por Icó, e já se passaram muitos anos, fazíamos parte da bancada da oposição. Éramos 21 vereadores. Antônio Barboza, de saudosa memória, e o advogado Hermano Limeira, respectivamente, foram os presidentes da Câmara Municipal naquele quadriênio.

Os debates eram todos de alto nível? Logicamente que não. As discussões variavam e dependiam dos temas que eram enviados à análises dos meus pares, à época. Porém, mesmo com a divergência de opiniões e interesses políticos fazendo parte daquela ambiência política, tudo terminava numa boa peixada com tucunaré, pirão e baião, no Zeca da Peixada em Lima Campos.

Tem uma máxima que vez por outra puxo por ela, onde afirma “que os erros surgem para lapidar todos os comportamentos”. O homem pedra se lapida, se comporta melhor, e serve para lembrar que os tempos são outros. Pelo menos é o que se espera que as pessoas amadureçam.

Destaco que um dos maiores exercícios do “aperfeiçoamento democrático”, encontra-se exatamente nas Casas do Povo, ou seja, no parlamento. Lá estão as representações das ruas e avenidas. Do campo à cidade. Passeia naqueles que tiveram a oportunidade de fazer um primário bem feito. Noutros que não sabem em que dia é hoje na semana. Nos vocacionados e nos oportunistas. Têm sábios e doidos também.

Pois bem. O caso do senador que matou outro colega no Senado da República, assusta a história até hoje da presença armada no parlamento, seja de espírito ou ferro de qualquer marca. Fez o bravo Senador Pedro Simon, um dos mais notáveis da República, mudar de cor. Quando o senador Fernando Collor, de dedo em riste, mandou que ele engolisse suas críticas a si. Simon, após a calourada discussão, lembrou à imprensa que foi do pai do Collor, a bala que sujou de sangue os tapetes azuis do Senador da República.

Após o longo preâmbulo, a gente chega e entra no Plenário 13 de Maio da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Vez por outra agora estamos envoltos com ameaças, agressões morais, estupidezas, insultos entre aqueles que nos representam. Os deputados De Assis e o Pastor-deputado Alcides, não foram às vias de fato na última quarta (27), mas chegaram perto das bocas de lodo. Foi necessário o pacato e habilidoso presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, encerrar os trabalhos e chamar a atenção de ambos sem a necessidade de entrar no mérito da peleja.

De Assis não é afeito ao uso de armas, pois como bom progressista é desarmamentista, como também o sou. O pastor e deputado Alcides, cristão, creio que também deve pregar a paz e não incentivar violências, sejam elas até mesmo de bater em birôs, ou em gritos tal qual Malafaia. Esses ânimos crescem às vésperas das eleições, mas tem causado pânico nos jornalistas, assessores, pessoas simples do povo e servidores da ALECE que tem franqueada às suas entradas no plenário ou cafezinho do Toinho.

Bala pedida não tem endereço. Se um for a vítima, o resultado da inconsequência serve para todos.

Que nesta semana santa, os nossos caríssimos Deputados – mulheres e homens -, avaliem melhor suas condutas, antes que seja tarde demais.

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