Em janeiro passado, um evento de grandes proporções tomou conta da Comarca de Orós. Desembargadores estaduais e federais, promotores de justiça, advogados, deputados, prefeitos, lideranças políticas de toda a região, serventuários da justiça, representações da sociedade local e regional, além do filho ilustre da cidade, o cantor e compositor Raimundo Fagner, se fizeram presentes.
A pauta não era uma audiência que justificasse a presença de tantas figuras importantes, mas a entrega, para os operadores do direito e a população, de uma grande reforma nas estruturas físicas e de atendimento da sede do Fórum da Comarca de Orós.
Placas simbolizaram o feito, discursos de agradecimento foram proferidos e, solícito ao convite, o cantor Fagner adiou um evento pré-agendado para comparecer a Orós. Inclusive, o edifício foi rebatizado em homenagem a uma de suas irmãs, advogada, já falecida.
Tudo em vão. Com a assunção do novo desembargador-presidente, uma de suas ações administrativas foi vincular a Comarca de Orós à de Icó, transferindo os novos processos para lá. A Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Estadual e Subsecção do Vale do Salgado, manifestou indignação, mas não conseguiu reverter a decisão.
Na prática, a Comarca de Orós continuou aberta, com juiz, promotor, servidores e audiências sendo realizadas normalmente, e com o desenvolvimento regular dos processos antigos que ainda aguardavam instrução e julgamento.
Porém, na última semana, por decisão da Presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), a partir do dia 1º de junho de 2024, todos os processos em trâmite na Comarca de Orós serão redistribuídos à Comarca de Icó, encerrando definitivamente as atividades forenses naquele município.
O acesso à justiça dos cidadãos oroenses será prejudicado, e aqueles que têm fome e sede de justiça terão que procurar a 30 km de sua sede urbana, em Icó, o que é lamentável para todos.