E começou a dança das cadeiras, movimento natural que acontece após as eleições. Essa dança, no entanto, coloca em questão o compromisso de alguns representantes recém-eleitos com os votos que conquistaram para exercer um determinado cargo.
Aqui no Ceará, uma das mais comentadas é a vaga de Gabriella Aguiar (PSD). Eleita vice-prefeita de Fortaleza, ela abre caminho para uma nova disputa de vagas na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) a partir de janeiro de 2025.
Na linha de sucessão, o primeiro suplente, Simão Pedro (PSD), enfrenta um dilema: apesar de ter sido eleito prefeito de Orós, precisa optar entre permanecer na Alece ou assumir a prefeitura, que acabou de ganhar. De acordo com o Diário do Nordeste, nos bastidores, dizem que há possibilidade dele renunciar ao cargo de prefeito para manter o mandato na Assembleia, já que a vice-prefeita eleita em Orós é sua mãe.
Essa incerteza cria um efeito dominó que afeta diretamente Apollo Vicz (PSD), o segundo suplente da vaga do PSD na Alece. Ele acabou de ser eleito vereador em Fortaleza e, na ausência de Simão, poderia trocar a vaga recém-conquistada na Câmara Municipal se alguma ficar aberta na Assembleia Legislativa.
Há uma grande diferença entre assumir uma vaga por ser suplente – aqui, são inúmeros os casos – e renunciar a um cargo para o qual acabou de ser eleito para assumir outro que lhe trará mais benefícios. Como fica o compromisso com o eleitorado que os elegeu para o atual cargo em disputa? Cada voto carrega uma expectativa de representação.
Essa renúncia revela uma desconexão entre o eleito e o eleitor que o colocou lá por acreditar em promessas de gestão local e não estadual. Quando os interesses pessoais se sobrepõem ao mandato recebido, o povo acaba refém de uma política volátil, onde o voto, que deveria significar estabilidade e confiança, se torna moeda de troca.