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Morre em Brasília o poeta e compositor Vicente Sá

Segundo Behr, Vicente Sá é da geração que “humanizou a maquete”

Foto: Vicente Sá/Arquivo Pessoal

“A morte é para os outros, não para os poetas”, assevera o poeta Nicholas Behr, cuiabano de nascimento e brasiliense de verso. Ele sabe, no entanto, que “a morte é incontornável, está mais adiante esperando.” A certeza da morte faz o poeta criar, “na ilusão, na esperança, de que alguns versos deles vão sobreviver”. Na noite dessa sexta-feira, 24, morreu em Brasília (DF), o poeta Vicente Sá, aos 68 anos, mas a sua poesia, não.

Além de poeta, Vicente Tadeu Maranhão Gomes de Sá era compositor, cronista, romancista, roteirista e jornalista. Natural de Pedreiras (MA), viveu de amores pela capital federal, em especial pelo bairro da Asa Norte.

“Estamos perdendo uma alma genuinamente brasiliense. Ele assumiu Brasília como a sua cidade, como sua musa, como sua fonte de inspiração, como personagem, digamos”, avalia Nicolas Behr.

Segundo Behr, Vicente Sá é da geração que “humanizou a maquete”, o Plano Piloto projetado pelo urbanista Lúcio Costa e adornada pelos edifícios e monumentos de Oscar Niemayer. A geração que começou a forjar o primeiro movimento cultural genuíno na cidade, ainda nos anos 1970.

Para o maestro Renio Quintas, contemporâneo e também parceiro musical de Vicente Sá, a criação dele foi gestada em “tempos de resistência” à ditadura cívico-militar (1964-1985), com o propósito de que “a construção da epopeia [de Brasília] fosse bem sucedida. Por isso que a gente não foi embora daqui”.

Naquele lugar de onde ninguém saiu, foi possível ter encontros “sem posições subalternas” que não aconteceriam em outros lugares, como o do carioca Renio Quintas, que passou a infância “nas areias brancas de Copacabana”, e Vicente Sá, do interior do Maranhão. Nas primeiras décadas de Brasília, de acordo com o maestro, “era virtuoso e necessário estudar na mesma escola pública. Não tinha alternativa”.

Sem escolha e outras possibilidades, restava criar. “Nós descobrimos, sacamos que se a gente não fizesse, não ia ter nada, não tinha nada. Aí a gente começou a ocupar os espaços. Os artistas começaram a ocupar as galerias, os museus e os teatros. A gente tinha consciência que estávamos fazendo realmente a cidade”, recorda-se o violonista Sérgio Duboc e parceiro de canções de Vicente Sá. Com infomações da Agência Brasil.

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