Home 1 Minuto com Sérgio Machado Estádios ou arenas do medo?

Estádios ou arenas do medo?

O que aconteceu em Santiago não é um ponto fora da curva. É sintoma de uma estrutura falida, onde a paixão pelo clube é usada como combustível para a violência, e o torcedor comum paga com a vida

Foto: Marcelo Hernandez/Getty Images

O que era para ser uma noite de festa e futebol em Santiago virou tragédia. Dois jovens torcedores — um de apenas 13 anos e outro de 18 — perderam a vida em meio a um tumulto nos arredores do Estádio Monumental, antes da partida entre Colo-Colo e Fortaleza pela Copa Libertadores. A imagem de uma cerca caindo e sendo supostamente atropelada por uma viatura da polícia chilena escancara, mais uma vez, o quanto está perigoso — e até insano — frequentar estádios na América do Sul.

Não é exagero dizer que o futebol tem deixado de ser um espaço de celebração coletiva para se tornar uma arena de medo. As cenas se repetem com frequência dolorosa: invasões, confrontos, despreparo das forças de segurança e, principalmente, um sistema que parece não aprender com os próprios erros.

O que aconteceu em Santiago não é um ponto fora da curva. É sintoma de uma estrutura falida, onde a paixão pelo clube é usada como combustível para a violência, e o torcedor comum — o pai que vai com o filho, a jovem que sonha ver o ídolo de perto — paga com a vida.

Estamos falhando como sociedade, como instituições e como futebol. A Conmebol anunciou o cancelamento da partida por “falta de garantias de segurança”. Mas isso é o mínimo. A questão é: por que chegamos a esse ponto? Onde estão as garantias antes da tragédia?

É preciso repensar o papel dos clubes, das federações, dos governos. Estádio precisa voltar a ser lugar de alegria, não de velório. E enquanto isso não acontecer, não há gol, título ou taça que valha a dor de uma família que perde um filho para a barbárie.

O futebol sobreviveu a guerras, crises e ditaduras. Mas talvez não sobreviva à indiferença com a vida dos seus torcedores.

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