Em apenas seis meses, o Ceará viu dois prefeitos presos, um foragido e outros seis condenados pela Justiça Eleitoral. Tá bom ou quer mais?
Um cenário que, além de assustar, mostra o tamanho do desgoverno em algumas cidades do interior. Quando o gestor é afastado ou desaparece no meio do mandato, não é só a política que trava. Obras param, contratos ficam no ar, serviços básicos como saúde e educação entram em modo de espera… E quem sofre, como sempre, é a população.
A instabilidade administrativa nesses municípios vira um problema do dia a dia. Secretários sem saber se ficam ou saem, fornecedores sem garantia de pagamento, escolas e postos de saúde operando no limite. Numa hora dessas, até os vereadores ficam perdidos entre tocar o bonde ou esperar o próximo capítulo judicial.
É o tipo de crise que não se resolve só com troca de prefeito. Exige estrutura, transparência e, principalmente, respeito com o povo que votou confiando numa gestão.
Esse tipo de situação também mostra um ponto fraco do nosso sistema político, a fragilidade dos controles internos nas prefeituras e o uso da máquina pública como instrumento de interesse pessoal ou eleitoral. Quando o gestor cruza a linha da legalidade, não é só ele que cai, a cidade inteira sente o baque. O rombo não é só no cofre, é na confiança do cidadão com a política.
Enquanto isso, quem mora nessas cidades segue vivendo a incerteza de não saber se o posto de saúde vai funcionar amanhã, se a obra da praça vai continuar ou se o transporte escolar vai passar. O que se espera é que os órgãos de controle atuem com mais formação e fiscalização preventiva, porque, no fim das contas, o povo não pode pagar o pato por erro dos outros. Pelo menos, não deveria.
