A Justiça do Ceará decidiu levar a júri popular os acusados José Luciano Souza de Queiroz e Glauco Sérgio Soares do Bonfim, denunciados pelo assassinato do advogado de um grupo de comunicação e empresário Francisco Di Angellis Duarte de Morais, ocorrido no dia 6 de maio de 2023, em Fortaleza. A decisão foi proferida pela 1ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza e mantém os dois réus presos preventivamente.
Segundo o Ministério Público do Ceará, o crime foi premeditado e teria contado com o uso de um rastreador instalado no carro da vítima, que foi surpreendida e morta com diversos disparos de arma de fogo. O homicídio é tratado como qualificado por motivo torpe, por suposta vingança relacionada a uma tentativa de extorsão, e pelo uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Além do assassinato, os réus também respondem por associação criminosa.
O empresário Ernesto Wladimir Oliveira Barroso, inicialmente apontado como o mandante do crime, foi impronunciado pela Justiça. De acordo com a sentença, não há indícios suficientes de autoria ou participação que justifiquem seu julgamento pelo Tribunal do Júri. Ele havia sido preso, mas estava em prisão domiciliar por decisão do Superior Tribunal de Justiça. Com a nova decisão, a medida cautelar foi revogada.
O Ministério Público entrou com recurso em sentido estrito ao Tribunal de Justica do Ceará para tentar reverter situação e levar Ernesto a júri popular.
A sentença, assinada pelo juiz Antônio Edilberto Oliveira Lima, também destacou que a manutenção das prisões preventivas de José Luciano e Glauco Bonfim é necessária para garantir a ordem pública, considerando o impacto do crime e o modo de execução.
Agora, o processo seguirá para a próxima fase, em que serão definidos data e formato do julgamento pelo júri popular.
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O crime
Na noite do dia 6 de maio deste ano, o advogado chegava em sua casa, no bairro Parquelândia, quando foi surpreendido pela aproximação de uma motocicleta com dois homens, posteriormente identificados como sendo José Luciano e Glauco. O garupeiro efetuou disparos de arma de fogo, causando a morte da vítima. O crime teria como mandante Ernesto.
Ainda segundo a denúncia, Ernesto teria encomendado a morte de Di Angellis após pagar R$ 800 mil à vítima para que reportagens sobre ele fossem deletadas de um portal de notícias. De acordo com o acusado, as publicações eram um ataque à sua pessoa e levantavam dúvidas quanto a honestidade de seu patrimônio.
Durante as negociações com o advogado, o empresário conseguiu os dados do veículo da vítima e providenciou para que José Luciano e Glauco mantivessem a vítima sob vigilância com a finalidade de preparar uma emboscada e consequente assassinato.
No dia 28 de abril de 2023, enquanto Ernesto e Di Angellis se encontravam em uma padaria no município do Eusébio para encerrar as negociações, José Luciano e Glauco conseguiram instalar o rastreador no escapamento do carro da vítima, ferramenta fundamental na execução do crime, possibilitando que os ex-PMs soubessem a exata localização da vítima no dia do homicídio.