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Governo do Ceará estuda compra direta de produtos locais para reduzir impactos do tarifaço dos EUA, informa Elmano

O Governo estuda comprar mercadorias locais, especialmente alimentos perecíveis como peixes e frutas, para uso em programas sociais e equipamentos públicos

Foto: Ascom Sedet

O governador do Ceará, Elmano de Freitas, anunciou nessa quinta-feira, 31, que o Estado avalia adotar medidas emergenciais para conter os prejuízos aos produtores cearenses causados pelo tarifaço dos Estados Unidos. Entre elas, está a compra de mercadorias locais, especialmente alimentos perecíveis como peixes e frutas, para uso em programas sociais e equipamentos públicos.

“Farei o que estiver ao meu alcance para que nossos produtores e nossa economia não sofram tantas consequências. Estamos estudando a compra de mercadorias para serem usadas em programas sociais e equipamentos públicos do Estado, além de medidas econômicas que possam ajudar as empresas, mas mantendo o equilíbrio fiscal, que é prioridade absoluta”, afirmou Elmano em pronunciamento oficial.

As novas tarifas norte-americanas devem entrar em vigor nos próximos dias, com sobretaxas de 50% sobre uma série de produtos brasileiros. O Ceará é um dos estados mais afetados pela decisão, já que tem nos EUA seu principal parceiro comercial.

Produtos cearenses perdem competitividade

A sobretaxa anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump eleva o preço final dos produtos brasileiros no mercado dos EUA. Na prática, um item vendido por US$ 100 passará a custar US$ 150 ao comprador americano. Essa perda de competitividade pode reduzir drasticamente as exportações cearenses, especialmente em setores com forte dependência do mercado dos Estados Unidos, como o de pescados.

Em 2024, os pescados foram o segundo principal item de exportação do Ceará para os EUA, atrás apenas da siderurgia. O Estado exportou US$ 54 milhões em pescado no ano, sendo US$ 52 milhões destinados ao mercado norte-americano. Nos últimos anos, o Ceará tornou-se o maior exportador de pescados do Brasil.

Reuniões com setores afetados

Para responder ao novo cenário, Elmano determinou uma série de encontros com os setores mais impactados pela medida. A lista inclui indústrias de pescados, castanha de caju, água de coco, cera de carnaúba, couros e calçados, todos com forte presença no mercado norte-americano.

“Também mantive contato com as superintendências da Receita Federal e do Ibama no Ceará, bem como do nosso Porto, para uma união de forças que possibilite a agilidade no desembaraço do envio de mercadorias para os Estados Unidos, antes do início da cobrança das novas tarifas no próximo dia 6. Além disso, temos reunião marcada com o Consulado da China, na busca pelo fortalecimento de novos mercados”, detalhou o governador.

Exportações

Mesmo com a isenção das tarifas para o setor de siderurgia, principal item da pauta de exportações do Ceará, outros segmentos enfrentam incertezas. Calçados, por exemplo, serão taxados. Já o setor de castanha de caju ainda aguarda confirmação sobre a inclusão ou não nas exceções, uma vez que o item isento listado pelos EUA é “Brazil nuts”, normalmente associado à castanha-do-pará.

Em 2024, os principais produtos exportados do Ceará para os EUA foram:

  • Ferro fundido, ferro e aço (US$ 441,3 milhões)
  • Peixes e crustáceos (US$ 52,8 milhões)
  • Preparações de frutas e hortaliças (US$ 37,2 milhões)
  • Calçados e artefatos similares (US$ 36,9 milhões)
  • Gorduras e ceras vegetais e animais (US$ 16,7 milhões)

No primeiro semestre de 2025, o Estado já exportou mais de US$ 1,1 bilhão. Desse total, 49% (US$ 528 milhões) vieram do setor siderúrgico, que, por ora, está livre das tarifas. No entanto, 51% de todas as exportações cearenses nesse período tiveram os EUA como destino.

Embora a China seja o maior parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos são os principais compradores dos produtos cearenses. Nenhum outro estado brasileiro depende tanto do mercado americano como o Ceará: em 2024, 44,9% de todas as exportações do Estado foram direcionadas aos EUA.

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