Home 1 Minuto com Sérgio Machado Redes sociais em 2026: influência, riscos e a urgência de agir

Redes sociais em 2026: influência, riscos e a urgência de agir

A cada dia o público é exposto a pesquisas de opinião duvidosas, enquetes distorcidas, notícias falsas e comentaristas improvisados que se apresentam como formadores de opinião, mas sem qualquer compromisso com a verdade ou com o debate democrático

Foto: Divulgação

As redes sociais deixaram há muito tempo de ser apenas espaços de entretenimento e amizade. Hoje elas se tornaram arenas de disputa política, social e econômica. Plataformas como TikTok, Instagram, X (antigo Twitter) e WhatsApp passaram a ditar narrativas, moldar opiniões e influenciar decisões que impactam diretamente a vida pública. O problema é que, junto com esse poder, cresceu também uma enxurrada de desinformação, manipulação e discursos sem responsabilidade.

A cada dia o público é exposto a pesquisas de opinião duvidosas, enquetes distorcidas, notícias falsas e comentaristas improvisados que se apresentam como formadores de opinião, mas sem qualquer compromisso com a verdade ou com o debate democrático. Em 2026, esse fenômeno tende a se intensificar, e é preciso fazer um alerta: as redes sociais não são terra sem lei.

As chamadas fake news continuam sendo uma ameaça crescente. Estudos internacionais recentes indicam que o uso excessivo das redes está diretamente ligado à maior chance de acreditar em informações falsas. Os algoritmos, criados para gerar engajamento, acabam promovendo conteúdos que despertam emoções fortes, como raiva ou medo, e, por consequência, dão visibilidade a boatos e campanhas manipuladas.

Uma pesquisa da Michigan State University apontou que a exposição constante a conteúdos enganosos forma uma bolha cognitiva, onde o usuário acredita apenas no que reforça suas próprias convicções. Em outro levantamento europeu, noventa por cento das pessoas afirmaram considerar as fake news uma séria ameaça à democracia. No Brasil, a situação é ainda mais grave: muitas vezes, uma mensagem de WhatsApp ou um vídeo curto tem mais peso na formação de opinião do que uma reportagem apurada e assinada.

As redes deram voz a todos, e isso é positivo. O problema é quando a voz mais alta substitui o conteúdo mais verdadeiro. Lives, enquetes e vídeos rápidos, muitas vezes sem base factual, se espalham com força e moldam percepções. Esses novos “formadores de opinião digitais” falam sem checagem, sem apuração e sem compromisso com a verdade, mas influenciam milhões de pessoas. É o que especialistas chamam de opinião pública artificial.

Essa influência é ampliada pelos algoritmos, que entregam ao usuário apenas o que ele quer ouvir. O resultado é um ciclo de desinformação, intolerância e perda da capacidade de diálogo. Além disso, há uma crescente desconfiança nas instituições tradicionais de comunicação. Jornais, rádios e emissoras de TV, que seguem critérios de apuração e responsabilidade editorial, acabam perdendo espaço para conteúdos virais sem critério algum. Isso fragiliza a democracia, porque a opinião pública deixa de ser construída sobre fatos e passa a ser moldada por impressões e emoções momentâneas.

A ideia de que a internet é livre não pode ser confundida com a noção de que é um território sem lei. As plataformas digitais têm responsabilidade, mas as autoridades também precisam agir. É urgente fortalecer políticas públicas de educação midiática, exigir transparência dos algoritmos, punir redes de desinformação e garantir que campanhas e enquetes digitais tenham origem clara e auditável.

Cada cidadão também tem papel fundamental. É preciso verificar a fonte antes de compartilhar, desconfiar de enquetes e pesquisas sem identificação, buscar veículos sérios e praticar um consumo mais consciente da informação. A responsabilidade é coletiva, mas começa em cada gesto individual.

O ano de 2026 será decisivo. Além de novas eleições no Brasil, há um cenário global de reconfiguração política e digital. As redes sociais serão palco de disputas intensas, de narrativas e de poder. Se nada for feito, a desinformação pode comprometer debates, eleições e até a confiança social. E isso vale tanto para as grandes cidades quanto para as comunidades do interior, onde o WhatsApp e o Facebook ainda são as principais fontes de informação.

As redes sociais são ferramentas poderosas. Elas podem aproximar, informar e fortalecer a democracia, mas também podem desorientar, dividir e manipular. O que vai definir esse caminho é o comportamento de cada usuário diante delas. Não basta culpar as plataformas. É preciso consciência individual, responsabilidade coletiva e ação institucional.

Que em 2026 possamos compreender que as redes sociais têm dono, têm lei e, acima de tudo, têm consequências. É hora de transformar o alerta em atitude e garantir que a liberdade digital caminhe lado a lado com a verdade, o respeito e o compromisso com a sociedade.

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