A megaoperação policial nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, escancarou mais uma vez que não se faz segurança pública só com polícia.
Até agora, mais de 120 pessoas morreram, mas o que realmente mudou? As comunidades continuam dominadas pelo tráfico e a rotina do medo segue a mesma. Se matança resolvesse problema, o Rio seria um dos lugares mais seguros do país. Mas não é.
A verdade é que faltam inteligência, planejamento e política pública, o que não aconteceu nessa operação.
Aqui no Ceará, o alerta também serve. A situação está longe de ser tranquila e, ainda que o contexto seja outro, a lógica é a mesma. O Estado precisa de estratégia, não de improviso.
Pra começar, o básico anda falhando. O 190 ficou fora do ar por dez dias recentemente. Um problema de infraestrutura inadmissível, que mostra o quanto ainda estamos longe de ter um sistema de segurança eficiente. Sem comunicação, sem integração e sem preparo, qualquer ação policial vira uma aposta incerta.
No Rio, o governador Cláudio Castro chamou a operação de “combate ao narcoterrorismo” e disse que o governo federal não ajuda. Mas, na hora de votar a PEC da Segurança Pública (18/2025), defendeu que ninguém “se metesse” na segurança do estado. Um contrassenso que se repete em vários cantos do país. Muitos gestores querem autonomia, mas não responsabilidade.
O resultado foi esse. Mais de 120 mortos, incluindo policiais, e nenhuma mudança aparente.
É preciso encarar que segurança pública não se resolve com espetáculo. Ela exige integração entre governos, inteligência nas operações, fortalecimento das corregedorias e investimento em políticas sociais.
A operação do Rio, que paralisou escolas, transporte e deixou milhares de pessoas na linha de tiro, não trouxe resultado efetivo, apenas mais trauma.
O Ceará pode e deve aprender com esse erro. Se a operação do Rio mostra o pior cenário, o da resposta sem consequência, aqui ainda há tempo de escolher outro caminho. Sem prevenção, ação coordenada e controle civil, a segurança pública continuará girando em falso. Se continuar do jeito que está, a próxima operação vai ser sempre a pior.




