A Câmara dos Deputados aprovou a suspensão, por seis meses, do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), em uma sessão marcada por tensão política, discussões regimentais e questionamentos à atuação da própria Casa. A decisão foi tomada após longa votação no plenário, que optou pela suspensão em vez da cassação definitiva, penalidade inicialmente prevista no processo que apurava quebra de decoro parlamentar.
O caso teve origem na acusação de que Glauber Braga teria agredido com empurrões e chutes o integrante do Movimento Brasil Livre, Gabriel Costenaro, dentro do Congresso. O episódio, gravado em vídeo, repercutiu amplamente nas redes sociais e motivou a representação apresentada pelo partido Novo. Em defesa, Glauber afirmou que reagiu a provocações e ofensas dirigidas à sua mãe, que enfrentava problemas de saúde à época.
A escalada da crise ocorreu na noite anterior à votação, quando Glauber Braga ocupou a cadeira da Presidência da Câmara em protesto contra a inclusão de seu processo na pauta. O parlamentar permaneceu sentado por quase uma hora, recusando-se a deixar o local. A Mesa Diretora considerou o ato uma violação grave ao funcionamento da instituição, e agentes da Polícia Legislativa foram acionados para retirá-lo. A cena, de forte impacto, gerou repercussão dentro e fora do Congresso.
A condução da operação, contudo, trouxe novos problemas. Enquanto os agentes removiam o deputado, jornalistas foram retirados do plenário e a transmissão da TV Câmara foi interrompida, impedindo que o público acompanhasse o desdobramento dos fatos em tempo real. Profissionais de imprensa relataram empurrões e tratamento hostil por parte da segurança legislativa.
O presidente da Câmara argumentou que a retirada dos profissionais e a interrupção da transmissão seguiram protocolos de segurança, mas os episódios levantaram dúvidas sobre a forma como o Legislativo lida com situações de crise e sobre o equilíbrio entre ordem interna e direito à informação.
A decisão final, que impôs a suspensão em vez da cassação, foi defendida por parlamentares que enxergaram a medida como proporcional aos fatos e capaz de evitar consequências consideradas excessivas, como a inelegibilidade. Outros deputados, no entanto, alegaram que agressões físicas dentro da Casa exigiriam punição mais rigorosa.
