Debater ou discutir sobre cotas no Brasil é pisar em formiga vermelha, caso sua opinião seja divergente; dói, incomoda, gera de logo polêmica e os adjetivos de reacionário, preconceituoso e de ser contra as inclusões sociais chegam rápido à sua máquina de escrever para rebater sua posição.
São cotas para os negros, para candidatos com deficiências físicas e de baixas rendas em concursos, universidades, empregos, etc.
As cotas no Brasil são sempre debatidas e os conservadores alegam que sua manutenção provoca desequilíbrio na concorrência e que única cota que deveria existir era de pessoas pobres, e não de negras e pardas.
Um dos argumentos contrários ao sistema de cotas raciais é a crença de que a única cota que deveria existir seria destinada a pessoas em situação de pobreza, sem considerar sua raça ou etnia.
Pois bem. O debate de cotas seguiu à legislação eleitoral. Desta feita destinando às mulheres cerca de 30% das vagas de candidatos em uma agremiação partidária, obrigatoriamente, sob pena de graves consequências na composição dos eleitos e não podem ser completadas por homens.
Antes era o de reservar os 30%. Agora é obrigatório o seu preenchimento. E o mais grave e contraditório: as mulheres têm que mostrar muitos votos nas urnas, sob pena de serem chamadas de candidatas laranjas e, após empossados os eleitos, derrotar todos nas duras pelas da Lei Eleitoral.
Para a legislação, somente os homens estão liberados para ter poucos votos no pleito, sem qualquer admoestação judicial. Muito se leu e ouviu em todos os quadrantes do Brasil, que mesmo os partidos fazendo um chamamento público às mulheres para disputarem mandatos eletivos, o desinteresse foi a regra. Há quem diga também, que as próprias mulheres com medo dessas regras impostas, igualmente, do insucesso eleitoral, temem participar da peleja eleitoral com a pecha de laranja.
Enquanto isso, no Ceará e também por conta da cota de gênero, quatro deputados estão perdendo seus mandatos, através da alegativa de que o Partido Liberal (PL) fraudou a cota de gênero.
Detalhe: duas mulheres, Dra. Silvana e Marta Gonçalves, estão na listagem dos prejudicados.
Afinal, faz sentido mesmo a cota de gênero?