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Nove em cada dez brasileiros se automedica: prática traz sérias consequências para a saúde

Aproximadamente 20 mil brasileiros morrem por ano em consequência da automedicação

Foto: Ronaldo Gomes/EPTV

Tomar medicamentos sem prescrição médica é um hábito recorrente no Brasil, mas que também pode ser perigoso, levando a sérios problemas de saúde. Segundo uma pesquisa recente do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), cerca de nove em cada dez entrevistados admitiram tomar algum tipo de remédio por conta própria, sem procurar a orientação de um profissional.

Um outro estudo, desta vez Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), lançado em setembro de 2023, estima que aproximadamente 20 mil brasileiros morrem por ano em consequência da automedicação.

Prática que durante a pandemia da Covid-19 ganhou ainda mais espaço. Afinal, com receio de ir aos consultórios e hospitais e se infectar, grande parte da população recorria a medicamentos que já tinha em casa ou procurava dicas de familiares, amigos e na internet, sem avaliar adequadamente os riscos que estariam correndo ao negligenciar sintomas que poderiam ser indicativos de alguma condição mais grave.

De acordo com a pesquisa do ICTQ, a automedicação é mais comum em casos de dores de cabeça, gripes, resfriados, febres e dores musculares. Além disso, muitos brasileiros também adotam essa prática para problemas como ansiedade, insônia, estresse e perda de peso.

Porém, mesmo quem deseja tomar um simples remédio para dor-de-cabeça ou um antigripal deve ficar atento, principalmente se a pessoa já faz uso de outros medicamentos, especialmente os controlados.

“Muitas pessoas procuram alívio rápido para dores de cabeça, gripes, ansiedade e estresse sem entender exatamente que o uso indevido dessas medicações pode causar danos. Tomar remédios sem a orientação de um médico pode levar a interações perigosas entre diferentes medicamentos, reduzindo a eficácia ou aumentando o risco de intoxicação. Além disso, mascarar os sintomas, como por exemplo por meio de analgésicos, pode atrasar diagnósticos importantes. Por isso, é importante procurar profissionais qualificados e respeitar as orientações médicas para tratar da sua saúde”, alerta Álvaro Madeira Neto, médico sanitarista e gestor em saúde.

Doenças sazonais

Embora seja preocupante em qualquer situação, segundo Madeira Neto, tomar remédios por conta própria pede ainda mais atenção no caso das doenças sazonais, como Dengue, Zica e Chikungunya, e a população precisa se conscientizar desse perigo.

“A automedicação se torna especialmente perigosa durante os surtos de Dengue, Zica e Chikungunya, pois os sintomas são semelhantes aos de outras condições como gripes e resfriados. Assim, o uso incorreto de medicamentos pode trazer complicações graves. Por exemplo, medicamentos que contém ácido acetilsalicílico, como a aspirina, podem agravar os sintomas de Dengue, aumentando o risco de hemorragia”, justifica.

Além disso, afirma o especialista, a automedicação pode retardar ainda o diagnóstico correto e impedir o tratamento adequado, elevando a possibilidade de complicações sérias e até mesmo fatais. “Em casos de febre alta, dores musculares intensas e outros sintomas incomuns devemos procurar imediatamente um médico. Somente com um diagnóstico médico preciso é possível iniciar o tratamento correto e evitar riscos desnecessários”, orienta.

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