O cenário político de Fortaleza vive um momento de polarização inédita, com André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) tecnicamente empatados na corrida à Prefeitura. Essa divisão reflete o embate nacional entre bolsonaristas e petistas, mas, em nível local, a tensão se intensifica com disputas extracampo, envolvendo até o futebol.
Se Evandro Leitão vencer, a Prefeitura e o Governo do Estado, ambos sob o comando do PT, podem trazer a sensação de “monopólio” de poder. No entanto, essa concentração também pode representar uma maior harmonia administrativa. Por outro lado, uma eventual vitória de André Fernandes, fiel aliado de Bolsonaro, poderá desencadear divergências mais contundentes entre a Prefeitura e o Governo do Estado.
Como ficará a civilidade entre Prefeitura e Governo após o resultado das urnas?
O contraste entre o bolsonarismo e o petismo, que já provoca acirramento nas campanhas, tenderá a se agravar no cotidiano administrativo, prejudicando a governabilidade e a execução de políticas públicas, especialmente nas áreas mais sensíveis e populares.
Como escreveu o jornalista Fernando de Barros e Silva, há dois anos, “a distância entre a civilização e a barbárie está na margem de erro.” No caso de Fortaleza, o resultado das urnas não apenas decidirá quem administra a cidade, mas também definirá os rumos da civilidade entre os poderes e a capacidade de diálogo ou, ao contrário, de embates constantes na capital do Ceará.