O prefeito eleito de Choró, no Sertão Central, Bebeto Queiroz (PSB), se entregou à Polícia Civil na tarde desse sábado, 23. Ele compareceu à Delegacia de Capturas (Decap), em Fortaleza. A informação foi divulgada pelo O POVO e confirmada pelo Repórter Ceará junto a fontes ouvidas pelo portal.
Um mandado de prisão foi expedido contra Bebeto no âmbito da operação Ad Manus, deflagrada na última sexta-feira, 22, pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), através da Procuradoria de Justiça de Crimes contra a Administração Pública (Procap), com o apoio das polícias Civil e Federal.
O prefeito eleito estava foragido. No início da semana, antes da ofensiva, ele esteve em Brasília, no Seminário Novos Gestores, da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
A operação investiga atos ilícitos em contratos de prestação de serviço de abastecimento de veículos da Prefeitura de Choró, e foi deflagrada, além de Choró, em Canindé, Madalena e Quixadá.
Na ocasião, um servidor da Secretaria de Transporte do munícipio e o atual prefeito, Marcondes Jucá (PT), foram presos. O gestor ainda foi afastado do cargo por 180 dias. Ao todo, foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão contra vereadores, servidores públicos, ex-secretários municipais e empresários.
Entenda a operação
De acordo com a decisão judicial que autorizou a operação, Marcondes teria decretado emergência no município, em 2017, no primeiro mês de seu primeiro mandato. Isso fez com que houvesse dispensa de licitação para contratar um posto de combustíveis.
Os preços dos combustíveis do estabelecimento contratado eram muito mais altos do que os praticados no mercado, pois parte do valor era repassado ao grupo do atual prefeito, quando a Prefeitura realizava o pagamento a empresa. Ou seja, a gestão pagava a empresa e parte do dinheiro era devolvido ao prefeito.
Dessa forma, o gabinete do prefeito permitia o abastecimento de veículos sem qualquer controle e incluía até mesmo carros que não eram da frota municipal. O responsável pela operação era um servidor da Secretaria de Transporte do município, que também foi afastado do cargo. Ele atuava sob ordem do prefeito.
Quando os veículos eram abastecidos, os comprovantes eram descartados para que não se descobrisse quem havia abastecido e nem qual carro. Após isso, os valores eram inseridos no sistema da prefeitura, sendo identificados como carros da gestão.
Para o Ministério Público, Marcondes é o responsável por arquitetar uma estrutura criminosa para receber propina de empresas com contratos com o Município. Algumas dessas empresas são de propriedade de Bebeto Queiroz, o prefeito eleito.
Bebeto e Marcondes, ainda conforme o MPCE, controlavam as empresas que tinham contratos milionários com a prefeitura e os dois recebiam propinas de partes das obras e serviços feitos por essas empresas.
Os investigados poderão responder por crimes contra a administração pública, peculato, falsidades material e ideológica e corrupção passiva e ativa.