Home 1 Minuto com Sérgio Machado O desafio do PT no Ceará segundo José Dirceu

O desafio do PT no Ceará segundo José Dirceu

O PT precisa superar outro problema identificado por Dirceu: a dificuldade de converter organização partidária e presença institucional em votos para disputas majoritárias

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A entrevista de José Dirceu ao jornal O Povo expôs dilemas que o PT enfrenta nacionalmente e que se refletem diretamente no Ceará. Vamos aos pontos.

O ex-ministro apontou que, apesar da força eleitoral do partido no estado, há um vácuo de lideranças para disputas majoritárias. Camilo Santana, governador eleito duas vezes e hoje ministro da Educação, foi o único senador a ter mais votos que Lula no Ceará em 2022, evidenciando a força de seu nome.

No entanto, essa dependência excessiva de Camilo indica que o PT cearense enfrenta o mesmo problema destacado por Dirceu: a falta de quadros competitivos para além das eleições proporcionais.

O crescimento do conservadorismo e a dificuldade de retomada econômica devido à concentração de renda, fatores mencionados por Dirceu, também são impasses para o PT nacionalmente. A ascensão da extrema-direita no estado, simbolizada pelo desempenho de André Fernandes (PL) na eleição para a Prefeitura de Fortaleza, mostra que a disputa ideológica está longe de ser resolvida.

O eleitorado popular, que historicamente se identificava com o petismo, vem sendo disputado pelo bolsonarismo e outras forças conservadoras, o que torna urgente o “reencontro com as origens” sugerido pelo ex-ministro.

A saída de Ciro Gomes do PT, que Dirceu classificou como uma escolha pessoal, também reconfigurou o cenário cearense. O grupo de Ciro, apesar da fragilidade atual, dominou o campo progressista no estado por décadas, ocupando o espaço que, em tese, caberia ao PT.

Agora, o PT precisa superar outro problema identificado por Dirceu: a dificuldade de converter organização partidária e presença institucional em votos para disputas majoritárias.

O desafio do PT cearense é o mesmo do partido nacionalmente: renovar suas lideranças sem perder sua identidade e reestabelecer o diálogo com as bases populares. A força do partido no estado é inegável, mas, sem nomes viáveis para eleições majoritárias, corre o risco de ficar refém de alianças ou da força isolada de figuras como Camilo Santana.

Deixe seu comentário:

Please enter your comment!
Please enter your name here