Num momento em que o Brasil enfrenta desafios sociais profundos, discutir o aumento do número de cadeiras na Câmara dos Deputados soa, no mínimo, desconectado da realidade da maioria da população. A proposta de ampliar a representação parlamentar, embora embasada por argumentos técnicos de proporcionalidade, ignora uma questão essencial: o país não precisa de mais políticos — precisa de melhores políticos e de mais gestão responsável.
Hoje, o Congresso Nacional já conta com 513 deputados federais e 81 senadores. Um número que, por si só, exige uma estrutura robusta, custosa e complexa para funcionar. Ampliar ainda mais essa engrenagem significa aumentar os gastos públicos com salários, auxílios, verbas de gabinete, passagens aéreas, diárias, motoristas, imóveis funcionais e uma série de benefícios que muitas vezes escapam à compreensão (e à paciência) do cidadão comum.
É hora de inverter a lógica. Em vez de aumentar o número de representantes, por que não discutir seriamente a redução? Reduzir cadeiras seria um gesto simbólico e prático de compromisso com a austeridade, a eficiência e o respeito ao dinheiro público.
O Brasil precisa, com urgência, fortalecer as estruturas que já possui — e não ampliá-las desnecessariamente. Uma Câmara mais enxuta e comprometida pode ser mais eficaz do que uma inchada e desconectada da realidade do povo.
A democracia não se mede apenas pela quantidade de parlamentares, mas pela qualidade de sua atuação. O momento exige responsabilidade, sensibilidade e coragem para fazer mais com menos — e não o contrário.