Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas basta que ele caia uma única vez para que cause estragos. É nesse cenário que o PDT no Ceará vive, sendo, o raio, as Eleições Gerais de 2022. Passado esse período, até hoje, o partido não conseguiu voltar à sua hegemonia e permanece com uma rachadura interna que refletirá diretamente no desempenho eleitoral da sigla em 2024.
Com uma falha causada pela preterição de Izolda Cela como candidata ao Governo do Ceará e a preferência por Roberto Cláudio, reina, agora, a disputa pelo comando da legenda no Estado, onde André Figueiredo poderá ser reconduzido para o cargo, mas enfrentará uma muralha com base bastante sólida entre os integrantes da legenda: Cid Gomes.
O senador que é conhecido como um dos maiores – se não, o maior – articulador político do Ceará quer a liderança do PDT cearense e, se conseguir, fará com que o partido volte a ser base sólida do Governo do Estado, sem dissidentes, e poderá costurar uma aliança com o PT em Fortaleza, o que não é visto há muito tempo, principalmente se der legenda para Evandro Leitão (PDT) disputar a Prefeitura da capital.
Não obstante, a articulação em torno de André para que seja reeleito caminha a passos largos. Se for reconduzido, Evandro será deixado de lado e poderá até sair da legenda, já que Sarto irá para a reeleição.
A ausência de diálogo entre as alas do PDT mostram, hoje, um partido que, apesar de forte, pode perder seu espaço no Estado e, consequentemente, sua força. Isso, porque não seria coincidência, por exemplo, se outros políticos seguissem os passos de Cid, caso este deixe de ser pedetista e migre para outra sigla. A preferência pelo senador já foi externado por alguns, como o próprio prefeito de Quixeramobim, Cirilo Pimenta, e o deputado Osmar Baquit.
O PDT tem a difícil tarefa de se costurar, mas os embates, as mágoas e os ressentimentos não ajudam o partido a trilhar um único caminho. Em seu nome, a legenda destaca ser ‘democrática’, mas parte dos seus integrantes tem largado a aplicação prática desse termo para buscar trilhar novos rumos, que beiram o aperto de mãos com opositores históricos, como é o caso de Capitão Wagner, Eduardo Girão, integrantes do PL e, até mesmo, um flerte com o bolsonarismo. Seria a criação de um novo PDT dentro do PDT.
Essa guerra interna – que é evidente, mesmo que digam o contrário – é carregada pela prevalência de projetos políticos pessoais e não de governo. Ela não é saudável para a estrutura da sigla, nem para seus integrantes. É uma perda de tempo, com um discurso insípido, vazio e contraproducente, onde quem se beneficia é quem está fora do partido e quer tomar o poder.
Se o PDT continuar assim, seguirá o caminho distinto de quem quer ser vitorioso em 2024 e poderá amargar duras derrotas dos eleitores que sempre lhe foram fiéis.
Editorial do Repórter Ceará