O relatório da Polícia Federal (PF) que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo esquema da venda ilegal de joias no exterior já traz provas suficientes para o oferecimento de denúncia, dizem ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com fontes da Corte, as evidências coletadas até o momento são de “extrema gravidade” e dispensam a necessidade de diligências complementares.
O relatório foi encaminhado pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, à Procuradoria-Geral da República (PGR), que tem três caminhos: oferecer denúncia, determinar novas providências ou pedir o arquivamento.
O procurador-geral, Paulo Gonet, ainda está analisando os autos para decidir qual caminho seguir. Uma das possibilidades é “juntar” todos os indiciamentos feitos contra Bolsonaro em uma denúncia única.
O ex-presidente já foi indiciado pelo esquema das joias e pela suposta fraude no cartão de vacinação. Também há expectativa de indiciamento, nas próximas semanas, no inquérito que apura a tentativa de um golpe de Estado.
A hipótese de unificar tudo isso é cogitada por Gonet por dois motivos: robustecer as provas e, ao mesmo tempo, adiar o oferecimento de denúncia para um momento posterior às eleições municipais.
Apesar da leitura do STF sobre a consistência do relatório da PF, auxiliares do procurador-geral o descrevem como uma pessoa cautelosa, que não descarta pedir mais diligências.
A expectativa quanto a esse cenário aumentou especialmente depois que a própria PF detectou um equívoco nas cifras envolvidas na venda das joias e solicitou ao Supremo uma correção no relatório.
Interlocutores de Gonet afirmam que, conhecendo o procurador-geral, ele não vai deixar esse fato passar batido — e pode até mesmo solicitar à PF uma explicação mais detalhada do motivo do erro.
Isso viria a calhar para o “timing” de uma eventual denúncia, que ficaria para depois da eleição de outubro. Gonet tem dito a pessoas próximas que quer evitar que seus atos sejam utilizados na campanha eleitoral ou sejam interpretados como perseguição política.
Com informações da CNN Brasil